Em razão de que se educam as crianças: da aprendizagem ou do desempenho escolar?
Résumé
O objetivo deste artigo é discutir o cerne da questão em razão de que se educam as crianças, estabelecendo um confronto entre as concepções interacionistas acerca da aprendizagem e a premissa de maximizar o rendimento escolar infantil para obter melhor rentabilidade do investimento público. Partindo de um estudo teórico em diversas obras, conclui-se que as convicções de Piaget, Wallon e Vygostky, apesar de apresentem abordagens distintas a respeito do desenvolvimento, da aprendizagem e da educação da criança, partem do pressuposto de que a criança deve ser percebida como um todo integrado, e não restrita ao seu aspecto cognitivo. Entretanto, na prática, em função da supremacia da lógica neoliberal, que subordina a função social da educação para atender a demandas econômicas, as teorias interacionistas estão sendo desprezadas e subutilizadas nas escolas de educação infantil e ensino fundamental em detrimento da política contemporânea de avaliação educacional, que tende a massificar e a classificar nossas crianças em nome de uma educação de qualidade, a qual se legitima a partir dos resultados dos testes padronizados. Portanto, a ênfase na avaliação e nas provas externas distorce as finalidades da educação, porque nega o direito de aprendizagens, impõe um ideal de aluno e de criança, bem como não prevê o social e o afetivo da criança