Impactos psicológicos da Mídia sobre a construção da identidade do “jovem infrator”

  • Juliane de Oliveira Souza Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Brasil.
  • Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Brasil.

Resumo

O artigo objetiva refletir sobre a construção da identidade de “jovem infrator” no que diz respeito aos impactos da mídia e à reprodução de estereótipos, pela sociedade, acerca dessa parcela da população. Cotidianamente acompanhamos, nas diferentes mídias, notícias sobre mortes, assassinatos, roubos, prisões, tendo como protagonistas da violência, em sua maioria, jovens pobres, negros e moradores das periferias. Cresce a espetacularização da mídia no que se refere a jovens que cometeram atos infracionais, assim como o número de pessoas que legitimam o discurso de ódio e práticas violentas direcionadas a este público. Realizamos uma pesquisa com o intuito de analisar reportagens com a temática de jovens que cometeram atos infracionais. Utilizamos, como material de análise, reportagens do Facebook do Jornal “Tribuna de Petrópolis” do município de Petrópolis, Rio de Janeiro. Foi analisada uma amostra de 56 reportagens da página do jornal, assim como alguns dos comentários e a interação dos leitores. Os resultados apontam frequentes violações dos direitos desses adolescentes pela mídia; a construção estereotipada da identidade de “menor infrator”; a expressão do desejo de punição/castigo deste público. Tais resultados demonstram a importância da desconstrução das ideias propagadas pela mídia, pois incidem diretamente nos processos de formação dos jovens que cumpriram ou cumprem medidas socioeducativas, como comprovamos nos grupos realizados com os mesmos.

Biografia do Autor

Juliane de Oliveira Souza, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Brasil.

Graduada em Serviço Social (UFF), Doutoranda em Políticas Publicas e Formação Humana (UERJ), Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ) e Especialista em Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social (ENSP – Fiocruz). 

Eloiza da Silva Gomes de Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Brasil.

Professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atua no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ). Diretora do Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias (IFHT/UERJ). Pesquisadora associada do Laboratório de Inovação em Saúde (LAIS) da UFRN.

Publicado
03-05-2020